Má nem precisava da foto, lembro bem do caso, o retratista chamado, veio lá de Paim em sua lambreta, nessa derrubada de mato, eu era o responsável por levar o café da manhã e água na parte da tarde. O café minha mãe Octavia Ruaro, colocava em uma cesta de vime, embalado em uma toalha de mesa, e continha, pão, polenta brustolada, e fortaia com salame, queijo e cebola, a água eu levava em um corote (pequeno barril de madeira), feito lá pelos Bertuol de Paim Filho.
O roçado foi bem grande, ficava longe de casa, na parte mais alta das terras já na divisa com o Baldim, após a queimada foi plantado milho, produziu tanto milho que encheu o nosso paiol e ainda foi necessário alugar o paiol do Nono Isidoro, com os dois paiol cheios renderam em torno de mil sacas de milho, quando da venda realizada lá em Paim, o pai, voltou para casa com sua pasta de couro sanfonada estufada de dinheiro, e no dia havia chovido bastante, a ponto de aumentar as águas da sanga do Limoeiro, na altura próximo ao Jovelino Andreguetti, ao atravessar a sanga, em uma pinguela, improvisada com uma tabua, esta falseou e lá se foi a pasta com todo o dinheiro sanga abaixo, não sei como conseguiu recuperar, antes que a sanga desaguasse no Rio Forquilha.
Ao chegar em casa, além de todo molhado, espalhou todas as notas no assoalho da sala, para secar, nesse momento gerou uma grande dúvida se era dinheito da venda de milho ou de porcos, diante do cheiro de merda de porco impregnada nas notas de dinheiro, a explicação veio em seguida, que a pasta só foi resgatada depois do chiqueirão dos Andreguetti.
Depois da colheita de milho, foi plantado trigo, colhido manualmente na foicinha, arrumados em pequenos feixes, depois amarrados com guarana ou tiras de taquara, Eu estava juntando os montinhos de trigo e num deles já nos meus braços, desceu uma jararaca da grossura de uma garrafa de cerveja, deslizou e entrou debaixo de uma madeira...o que aconteceu depois não sei contar...pois tratei de ir me limpar.
Luiz Vasata (2016)
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